Empreendedorismo indígena passa pela valorização do artesanato
Socorro Baniwa é artesã, ativista, mulher e mãe. Anda pelas comunidades indígenas em busca de ampliar e deixar mais robusta a comunidade empreendedora. Atualmente a maioria esmagadora de mulheres indígenas vive do artesanato.
Por isso, organizar associações tem sido o principal caminho para conseguir mais valorização do trabalho artesanal. Mas, durante sua fala no Ciclos Amazônia 4.0 – Ano II, Socorro Baniwa trouxe uma provocação importante: o valor agregado do trabalho feito pelas mãos femininas indígenas!
Fala de Socorro Baniwa foi uma das mais aplaudidas na primeira manhã do evento
“O colar que eu uso, o brinco que eu uso tem o valor que merece? O valor agregado é o valor da nossa cultura. Fomos que fizemos a coleta, fomos buscar na mata a semente. E não é um caroço, não! Hoje colocamos o preço como meio de sobreviver. Mas nosso produto tem valor cultural e social sim, tem que gerar lucro, sim, porque cada território tem seu valor, tem sua individualidade! Porque as árvores estão lá, os rios estão lá e somos nós que cuidamos, tomamos conta”, destaca Socorro.
A líder lembra ainda que a maior concentração de preservação ambiental de terras vem sendo garantida pelos povos originários que sofrem com ameaças, assassinatos, invasões, estupros e todo tipo de violência.
“Falar de economia em território é juntar a nossa luta e cada um que nos ouve, que pensa conosco. A semente é nosso diamante porque é nossa, é ancestral”, afirma ela sob aplausos, completando que todo valor gerado pelo trabalho dos povos originários beneficia o coletivo.