Violação dos direitos indígenas ganha contornos graves também na migração para os centros urbanos
As dificuldades de acessar serviços de saúde e de educação, a ameaça diária ao bioma amazônico e o olhar colonizador para os povos originários são os principais pilares da violação dos direitos humanos no Brasil de hoje.
Marcivana Satirê Mauê abriu a manhã de debate do “Ciclos Amazônia 4.0 – Ancestralidade indígena e sua relação com as mudanças climáticas”. Falando sobre o tema “Violação dos Direitos Indígenas”, ela que é coordenadora dos povos indígenas de Manaus e Entorno falou sobre como a migração de indígenas de seus territórios para a cidade ainda não é encarada como política pública primordial pelas instâncias de poder.
A fala de Marcivana Satirê Mauê abriu o evento desta segunda-feira em Manaus
A líder destacou que aqueles que optam pela migração enfrentam a invisibilidade por parte do poder público. “Precisamos reafirmar que o Brasil – de norte a sul – é território indígena. Sempre foi território indígena e temos o direito de estarmos e nos deslocarmos por onde nós quisermos nesse território”, destacou Marcivana em claro recado àqueles que ainda vêem com preconceito esta migração.De acordo com ela, entre os indígenas que deixam os grandes centros, 60% buscam acesso a cuidados de saúde e boas escolas para os filhos.Manaus, maior centro urbano da amazônia concentra 52% da população de povos originários que faz essa migração no Norte, conforme a líder Satirê Mauê.”A pandemia trouxe um cenário devastador para nós indígenas na cidade, porque nós não temos acesso a saúde especializada. A violação dos nossos direitos começa aí, quando é negada nossa identificação étnica”, ressalta.
Marcivana fechou sua fala cobrando não apenas o atendimento e o olhar que o povo indígena merece nos grandes centros, mas exigindo uma nova relação.
“Respeitem nossas parteiras, nossas anciãs, as nossas línguas precisam ser protegidas, ter políticas públicas que preservem nossa cultura. Cobramos o reconhecimento do nosso território nos grandes centros urbanos e da nossa organização como comunidades, aldeias, grupos familiares e famílias indígenas que estão nas grandes cidades”, finalizou.